Título original: The Noodle Maker
Autor: Ma Jian
Tradutora (a partir da edição em inglês): Heloísa Mourão
Editora: Record
Número de páginas: 254
Ano de publicação no Brasil: 2011
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Nesta sátira política, dois amigos chineses, um escritor e um doador de sangue, se encontram ocasionalmente para jantar e conversar. A refeição parece sempre ser paga pelo doador de sangue profissional, uma vez que sua profissão é melhor remunerada que a do escritor profissional (escritor de propaganda política).
Na noite em que a história se passa, os dois comem carne de ganso, enquanto o escritor conta ao doador de sangue que o secretário do Partido lhe encomendou um conto sobre o camarada Lei Feng, um herói nacional, quando, na verdade, ele queria escrever um romance com outros personagens. Ao mesmo tempo, se sente propenso a escrever sobre Lei Feng para entrar para o Grande dicionário de escritores chineses.
Entre um debate e outro com o doador, que também é meio filósofo, o escritor conta a história de personagens com os quais teve contato (ou talvez isso também faça parte de sua ficção):
- um empreendedor que, com a mãe, abriu e cuida de um crematório particular, sendo que o forno fora usado anteriormente por alunos de artes/cerâmica de uma faculdade fechada; uma das vantagens de ser cremado no Crematório Enlevados é que os parentes do morto podiam escolher a música a ser tocada enquanto o corpo queimava, incluindo as músicas proibidas pelo governo, que custavam mais caro;
- Ele é imortal agora - disse o filho. - Não importa se vai para o céu ou o inferno, ele não voltará para cá, principalmente porque conseguiu passar pela vida sem cometer qualquer erro grave. - Ele se aproximou do toca-fitas, desligou "A internacional" e depois colocou uma ária de Salambô sem custo adicional.
- uma atriz que, por desilusão amorosa, decide fazer de seu suicídio um espetáculo - será devorada por um tigre ao vivo; os ingressos se esgotam rapidamente e entre os espectadores está o pintor por quem ela era apaixonada;
- Todo sofrimento é criado pelo homem - dizia ela, tentando se consolar. - O sublime estado de confusão só é possível quando o coração está embotado. O suicídio é a única cura permanente para o desespero. - Su Yun se proibiu de pensar em seu nascimento ou sua morte. Sabia que os dois caminhavam em direções opostas, mas apontavam para o mesmo objetivo.
- uma romancista de sucesso que se casa com o "Velho Hep", editor de uma revista literária que não tinha o mesmo nível intelectual que ela. O marido suporta vários maltratos e humilhações da esposa, até que redescobre sua autoconfiança ao arranjar amantes - ironicamente, trata uma tecelã, sua primeira amante, que o adora, como a esposa o trata; o escritor profissional chegou a dormir com a romancista uma vez;
- Ninguém neste mundo é feliz de verdade. - O escritor ainda está pensando na romancista e no editor.
- um escritor de rua, que escreve cartas para camponeses analfabetos que chegam à cidade e, por meio desse ofício, ajuda a impulsionar ou terminar relacionamentos; ele mora em um barracão onde funcionava o Crematório Enlevados, vazio desde que o filho e a mãe desapareceram; em uma noite, o espírito da velha ranzinza o visita (esse é um dos elementos fantásticos do livro) e, depois disso, ele chega à conclusão de que viveu a vida de outras pessoas e não a sua;
"O homem ganha sabedoria somente por meio do sofrimento. As pessoas que nunca sofreram são incapazes de crescer. A felicidade é uma choupana de madeira que se encontra após uma longa e difícil jornada; as pessoas que tomam o caminho fácil nunca conseguem vê-la. A infelicidade que sofri no passado foi a infelicidade de outras pessoas. Não deixou em mim nenhuma marca."
- uma moça que corre despida pela rua, depois de ter um tipo de colapso nervoso ao saber que suas colegas de trabalho criticavam seus grandes seios e se sente acabada com isso;
"O problema não é a morte, mas a vida, e a vida é apenas um ato de resistência; é preciso trincar os dentes e encará-la." [trecho da fala do doador de sangue profissional]
- um pai que tenta abandonar a filha retardada, para tentar ter um filho que perpetuasse o nome da família - com a Política do Filho Único, por sua filha mais velha ter nascido retardada, ele pôde conceber outro bebê, mas nasceu outra menina e somente no caso de a filha mais velha "sumir", o governo lhe daria a chance de conceber mais um filho;
- o pintor por quem a atriz suicida era apaixonada que tinha um cachorro falante, o Sobrevivente. O cachorro de três patas vivia no sótão e não poderia ser visto por outras pessoas, caso contrário seria exterminado por causa da possibilidade de transmitir raiva, e conversava com o dono sobre as mazelas da sociedade. Um dia, ao chegar de viagem, o pintor percebe que o cão foi morto e será empalhado pelo museu onde trabalha. O cachorro era um dos personagens mais lúcidos do livro todo.
- Talvez outros animais sejam igualmente indiferentes ao sofrimento de sua própria espécie, mas duvido que qualquer um deles possa encontrar tantas maneiras de causar dor como os homens encontraram. A mim me parece que o homem é a fera mais vil de todas.
- Tudo que vocês querem é comer, fazer sexo e ir às compras. Todas essas atividades requerem a participação de outros, não apenas de uma pessoa, mas de um monte delas.Vocês precisam se apinhar em cidades e vilas para escapar do vazio de seus corações.
Com frequência há referência à Política de Portas Abertas, iniciado por Deng Xiaoping, em 1978, que foi a abertura do país para o mundo, a fim de atrair investidores estrangeiros e alavancar a economia, e percebe-se uma mudança de comportamento em alguns personagens, como, por exemplo, o uso de batom e esmalte pelas mulheres, o anseio das pessoas em comprar produtos importados, cuja venda ainda é meio clandestina, o gosto por "músicas proibidas", mas os problemas de pobreza, burocracias e incoerências políticas persistem.
Apesar de ter inserido vários elementos da cultura chinesa nas histórias, o autor também alcança o universal ao retratar a morte, o amor, a desesperança, o rancor, a maldade humana.
Ma Jian nasceu em 1953 em Qingdao, leste da China, e atualmente mora em Londres, com a companheira Flora Drew, tradutora de alguns de seus livros para o inglês, e quatro filhos.
Uma entrevista com Ma Jian pode ser lida aqui (em inglês).
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Rolinho primavera e molho agridoce
Este prato é geralmente servido no Ano-Novo Chinês (também chamado de "Festival da Primavera", daí o nome) e, segundo informações lidas na internet, sua receita surgiu aproximadamente no ano 300.
Ingredientes:
Massa
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de água
sal a gosto
óleo para fritar
Recheio
1/4 de repolho
1 cenoura
300 g de frango
2 tabletes de caldo de galinha
1 tomate
1 cebola
molho de soja (shoyu) a gosto
molho de soja (shoyu) a gosto
óleo para refogar
Molho agridoce
1 xícara (chá) de suco de abacaxi
2 colheres (sopa) de açúcar
1/4 xícara (chá) de água
1 colher (sopa) de maisena
4 colheres (sopa) de ketchup
1 colher (sopa) de vinagre
1 colher (chá) de sal
corante vermelho
Modo de preparo:
Massa
Bater a farinha, a água e o sal com um fuê, até obter uma massa lisa e deixar na geladeira por aproximadamente 4 horas.
As primeiras massas ficaram meio grossas e feias, mas depois fui pegando o jeito:
Uma dica é deslocar a frigideira para uma boca sem fogo, espalhar a massa e depois voltá-la para o fogo. Fiz isso para ter um pouco mais de tempo de espalhar a massa antes que ela se solidificasse.
Reserve.
Recheio
Cozinhe o frango (usei peito) em água e um tablete de caldo de galinha.
Depois que cozinhar, desfie.
Corte o repolho em tiras finas e rale a cenoura.
Também usei queijo mussarela para rechear alguns rolinhos.
Enrole o recheio na massa.
Coloque um pouco do recheio escolhido mais para o lado inferior.
Dobre as duas bordas.
Enrole todos os rolinhos e, depois, passe o restante da massa nas bordas para colar.
A lateral do rolinho ficará mais ou menos dessa forma
Para selar os rolinhos, esquentei a frigideira e deixei ali por alguns minutos, pois só passar o restante da massa na borda não foi suficiente. Com isso, o problema do fechamento foi resolvido.
Retire os rolinhos da frigideira e reserve-os em um prato. Acrescente óleo e, quando estiver bem quente, frite-os até dourar.
Molho agridoce
Misture todos os ingredientes em uma panela e misture até engrossar. Não cheguei a usar maisena porque não tinha, por isso o molho ficou menos grosso, mesmo assim, ficou bom. Pode-se acrescentar um pouco mais dos ingredientes para acertar o gosto (caso o abacaxi esteja azedo, será necessário adicionar mais açúcar, por exemplo).
Também é possível comprar a massa pronta, feita com farinha de arroz, em lojas de produtos orientais, mas ainda não experimentei. É uma alternativa, pois acertar a espessura fina da massa dá um certo trabalho.
Apesar de ser uma receita bastante trabalhosa (não exatamente difícil), valeu a pena. Minha maior curiosidade era saber como o molho agridoce, que sempre acompanha os rolinhos nos restaurantes, era feito. Agora já sei! :)
Oi Aline!
Vi seu comentario no topico do Skoob e vim conhecer seu blog
Muito bacana e interessante!
Bjks e um otimo feriado
http://blogdaclauo.blogspot.com.br/
Clau, obrigada pelo comentário!
Visitei seu blog também e gostei. Vou seguir.