Título: Todos nós adorávamos caubóis
Autora: Carol Bensimon
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 192
Ano de publicação: 2013
A história, na verdade, é sobre duas garotas, Cora e Julia, e uma viagem que elas fazem pelo interior do Rio Grande do Sul, enquanto tentam resolver questões pessoais e retomar a amizade que tinham ou o amor que sentiam ou ainda sentem uma pela outra. [Deveria existir um gênero literário chamado road book, não?] E acompanhamos a trajetória das duas através do olhar de Cora, pois é ela quem narra os acontecimentos presentes e passados (por meio de flashbacks).
Enquanto lia, lembrei de três road movies em que duas mulheres viajam sozinhas: o clássico "Thelma e Louise" (na página 119, Cora até comenta que ela e Julia ficaram conversando sobre o final desse filme), "Simplesmente uma mulher" (este) e "A viagem" (este). Nesses três filmes as mulheres também estão, de uma forma ou de outra, fugindo de conflitos internos e externos e partem em viagem talvez na tentativa de achar respostas ou de encontrarem a si próprias.
Cora e Julia eram amigas desde os tempos de faculdade e a amizade delas era ambígua. Quando Cora percebe que está se apaixonando por Julia, Julia parte para um intercâmbio no Canadá. Pouco tempo depois, Cora vai estudar moda em Paris. As duas se separam de uma fora meio brusca e só vão retomar contato anos depois e decidem fazer a viagem que planejavam descompromissadamente quando estavam na faculdade, em Porto Alegre.
Na realidade, o pai de Cora envia a passagem para que ela volte a Porto Alegre por um tempo, pois seu meio-irmão (filho do pai dela e da nova esposa do pai) vai nascer e ele queria que ela estivesse presente nesse momento. No entanto, em vez de ficar com a família, Cora viaja com Julia. Aliás, ela topa voltar a Porto Alegre, pois havia conversado com Julia e sabia que a amiga estaria por lá também.
Juntas elas passam por Antônio Prado, São Marcos, São Jorge da Mulada, São Francisco de Paula, Cambará do Sul, Pântano Grande, Caçapava do Sul (Pedra do Segredo), Minas do Camaquã, Bagé e Soledade (cidade natal de Julia), onde interagem com outros personagens no mínimo curiosos, e, por fim, Cora termina em Porto Alegre, decidida a passar o restante do tempo com a família.
No fim da viagem, as duas garotas já são pessoas diferentes, assim como, de certa forma, também voltamos transformados de alguma forma depois de alguma viagem, não importa para onde.
No fim do ano passado também fui viajar de carro pelo sul - Paraná (Curitiba), Santa Catarina (Laguna) e Rio Grande do Sul (Garibaldi, Gramado, Bento Gonçalves e Porto Alegre) - e me identifiquei com várias paisagens e personagens descritos neste livro, só senti falta das comidas! Para mim, a viagem por essas cidades foi bastante gastronômica. Li em algum site que o Jorge Amado costumava dizer que sempre colocava comida em seus livros, pois os personagens precisavam se alimentar para estar vivos - e imagino que ele também inseria vários pratos porque gostava de comer bem.
Apesar de não haver nenhum prato citado no livro, depois de lê-lo, me inspirei para fazer talharim com salmão e alho-poró, que foi um dos melhores pratos de massa que já comi na vida no restaurante CasaCurta, em Garibaldi. Claro que não ficou igual, mas fiquei satisfeita com o sabor.
Misture o amido de milho à xícara de leite até diluir e despeje na panela, mexendo sempre, até engrossar.
Por último, acrescente o creme de leite fresco e misture até o molho ficar homogêneo.